CANDOMBLÉ
Blog informativo sobre o culto Afro-brasileiro, onde tem como Principio divulgar as Religiões de Matriz Africana (Candomblé), de forma Pacifica e Harmoniosa levantar a Bandeira Sobre a Tolerância Religiosa.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Oxaguian ou Oxaguiã
(ojó ado)- o dia do pilão.
Oxaguian na mitologia yorubá é um jovem guerreiro, um Oxalá jovem, seria filho de Oxalufan, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejionile e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba oxaguian. Seu templo principal é em Ejigbo, estado de Ọsun, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, ou Rei de Ejigbo.
Em Lendas Africanas dos Orixás, Pierre Fatumbi Verger conta uma das lendas que Oxaguian teria nascido em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan. Oxaguian, valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino. Partiu, acompanhado de seu amigo Awoledjê. Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido.
Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto. Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado.
Awoledjê, seu companheiro, era babalawo, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era arrodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.
Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada.
Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!"
Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se".
Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.
A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, também, na Bahia.
Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhame-pilado."
Oxaguian é um Oxalá jovem. Sempre de branco. Usa espada, escudo, polvarim e mão de pilão. Guerreiro, seu dia da semana é sexta-feira. Come cabra, e é o dono do inhame.
Seu lugar no Panteão dos Orixás
Oxaguian ou Oxaguiã: Divindade Yorubá, cultuado no Candomblé afro-brasileiro.
Segundo a mitologia Yorubá, o universo foi criado por Olorum. Os filhos de Olorum são os Orixás, que receberam cada qual atribuições e responsabilidades sobre a criação de seu Pai. O primeiro e mais velhos dos Orixás é Oxalá, a quem se credita a criação do Homem.
Oxaguian é apontado como o aspecto jovem de Oxalá, outras vezes é apontado como filho de Oxalufã, o qual é tido como o aspecto velho de Oxalá. Oxaguian, "o moço", na sua forma "guerreira" de Oxalá, carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza.
Oxaguian - escultura de Carybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil
Na mitologia Yorubá, os Orixás associam-se a cidades ou regiões africanas, que seriam regidas ou favorecidas por seu respectivo Orixá. Seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, ou Rei de Ejigbo.
Orixá do dinamismo e movimento construtivo, da cultura material. Seu domínio são as lutas diárias por sustento e trabalho e a paz. Oxaguian incentiva o trabalho e a superação. Oxaguian é o provedor, é o guerreiro da paz. Nunca entra numa batalha para perder, sempre ganhando suas lutas e superando quaisquer obstáculos.
É sempre retratado como um guerreiro forte, astuto e conquistador, Oxaguian rege as inovações, a busca pelo aprimoramento, o inconformismo. É um Orixá relacionado com o sustento do dia a dia, gostando de mesa farta. Seu sustento vem do fundo da terra ou da floresta. Ele detém todas as armas e as usa para alcançar seus objetivos, que são: dar para quem tem fome e até tomar de quem tem muito e não tem fome.
Sua comida favorita é o inhame. Sendo orixá das inovações e invenções, criou para si o pilão, de tal forma que pudesse saborear seu prato favorito. Daí inclusive deriva seu nome: Oxaguian significa literalmente “Orixá comedor de Inhame Pilado”.
Diz-se que enquanto Ogum fornece meios (ferramentas e armas) Oxaguian fornece inteligência e vontade para vencer. Representa o início de um movimento. Este orixá tem personalidade violenta e severa.
É com Oxaguian que se encerra o ciclo das festas de Oxalá com a festa do Pilão de Oxaguian (ojó ado)- o dia do pilão.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Oxaguiã é um orixá guerreiro. Sua maior luta é pela perfeição: de si mesmo, dos outros e das coisas. Odeia a preguiça, que ele considera o inimigo número um daperfeição. Da união de Oxaguiã com Iyemanjá, nasceu Ogum, orixá guerreiro como o pai. Ogum guerreia para destruir o que precisa ser renovado, enquanto Oxaguiã luta para construir o que foi destruído. Neste vai e vem de batalhas, Oxaguiã foi um dia à cidade de Ogum para buscar munição e encontrou o povo em festa. A comemoração era pelo término da construção do novo palácio do rei Ogum. Tudo parecia perfeito. Não para Oxaguiã! Ele bateu sua poderosa espada no palácio, que ruiu imediatamente. O povo ficou irado! “Tanto trabalho jogado fora, por um capricho de Oxaguiã”.
O pai de Ogum então falou: “O rei de vocês está em guerra e não voltará tão cedo. Por que entregar este palácio para ele, quando um muito melhor pode ser construído?”. Passado um tempo, Oxaguiã retornou à cidade e encontrou o palácio reconstruído. Entretanto, tudo se repetiu: O pai de Ogum destruiu o novo palácio e ordenou que o povo construísse outro, ainda mais perfeito.
Aconteceu que o dia da volta de Ogum se aproximava, só restando para Oxaguiã contentar-se com o último palácio construído, que para todos estava mais do que perfeito. De tanto reconstruírem o palácio, os moradores daquela cidade passaram a ser conhecidos como “os construtores quase perfeitos”. O povo não gostou daquele “quase” e ousou reclamar com a divindade. Oxaguiã disse: “A perfeição é como uma donzela arisca, ela se compraz em ser buscada, mas nunca permite ser encontrada e muito menos ser cultuada”.
Esse itan (estória narrada de geração para geração) fala sobre a importância da busca pela perfeição. Outro dia ouvi o seguinte comunicado: “Não basta fazer, é preciso fazer com amor”. Eu completo esse lindo comunicado, dizendo: Não basta fazer, é preciso fazer com amor, mas fazer bem feito. E ninguém faz nada bem feito se não tiver tempo. Se a preguiça é o inimigo número um da perfeição, a falta de eficiência para lidar com o tempo é o número dois. É por isso que se diz: “Quem tem tempo faz a colher e borda o cabo”.
Quem tem tempo faz arte. E a arte é uma das importantes formas de aproximação com o sagrado. Não é preciso ser artista para se fazer arte, é preciso apenas se tentar fazer as coisas da melhor maneira possível. Tanto nas coisas mais simples, como nas mais complexas; tanto nos assuntos sociais, quanto nos assuntos religiosos.
Lavar os pratos e estar atento para não deixar na pia nem um grão de arroz, de modo que a harmonia e pureza externas ajudem a harmonizar o interior de quem penetre naquele recinto, é arte. Quem me ouve ou lê o que escrevo está acostumado a ouvir a frase “estou sempre correndo atrás da perfeição”. Acontece que quanto mais eu corro atrás da perfeição, mais parece que a perfeição corre de mim. É como um gostoso jogo de “picula”, onde não tem vencido nem vencedor. E a graça consiste exatamente nisso: tentar, incansavelmente, domar essa virgem rebelde. Sim, acredito ser realmente virgem, a perfeição.
Não conheci ninguém que conseguiu casar-se com ela, apesar de não lhe faltar pretendentes. Entretanto, todos nós gostamos de crer que existem pessoas perfeitas. Gostamos de criar ídolos. Um grande risco, tanto para quem idolatra, quanto para quem é idolatrado. Parece que precisamos de ídolos para seguirmos, como se a “perfeição” (ou o axé) do outro pudesse ser por nós absorvida.
O caminho para a perfeição não é reto, ele é cheio de saliências e reentrâncias. É um caminho individual, como individual é o encontro que cada um tem com sua própria forma de construir e reconstruir seus palácios, sejam eles de areia ou de cristal. A perfeição, como o próprio nome indica, é um movimento em direção a: alguma coisa, algum lugar, alguém… Aperfeiçoar-se é simplesmente manter-se em movimento; é buscar sempre o que lhe parece faltar a cada dia, a cada momento. E é Oxaguiã o orixá que nos auxilia a manter acesa essa chama. É Oxaguiã o orixá que estimula o progresso.
Maria Stella de Azevedo Santos
Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá.
(Mitologia dos orixás, págs. 524-528)
No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O branco imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida.
E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos.
Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados.
Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.
Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare.
Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.
Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.
De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de douradosindés.
O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavamodara.
As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.
Estavam prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos dasiaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.
Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os orixás estavam felizes.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.
Seis horas da manhã. Ouço vozes que vêm da movimentada rua que fica em frente ao quarto em que hoje estou dormindo. A casa está em reforma. Ai que saudade do meu quarto no fundo da casa… Em vez de vozes, eu escutava o lindo canto dos passarinhos, que de tão acostumados com o ambiente já penetravam casa adentro, entrando e saindo como se estivessem em seus próprios ninhos. Saudade do antigo quarto, e excitação com as novas experiências de amanhecer neste outro quarto.
Muita gente pode pensar que seis horas é um bom horário para acordar, eu também acho. Acordar às cinco horas é ainda melhor. É muito bom renascer a cada dia junto com o sol, sendo despertada pelo cantar de um galo. Entretanto, toda essa imagem romântica se transforma em uma realidade concreta quando, em vez do cantar do galo, ouço um alto-falante com um som de má qualidade anunciando a venda de pamonhas; quando o sol, tão preguiçoso quanto eu, teima em continuar adormecido em cima de uma acolchoada e fresca nuvem enegrecida. Confesso que a palavra pamonha me estimula a acordar mais rápido.
A imaginação foi tanta que cheguei até a sentir o cheiro inebriante de um bom café. Voltar a dormir estava fora de cogitação, o pregão da rua já tinha invadido minha mente: “Olha a pamonha, olha a pamonha, pamonha quentinha pro seu café da manhã”; “Acaçá de milho bem feito, tem de milho e tem de leite”; “Banana-da-terra, batata-doce, melão, melancia, ovos”. A essa altura, meu simples café imaginário com pamonha já se transformava em um banquete.
A imaginação fica solta quando o corpo está cansado e preso a uma cama. Hoje posso me dar a esse delicioso luxo, pois ontem varei a noite fazendo nascer para a vida espiritual mais um filho. Momento em que foram entoados muitos cânticos que atraíssem boa sorte, prosperidade, alegria, união, saúde, enfim, tudo de bom que uma pessoa precisa ter para caminhar com dignidade na vida. Enquanto minha imaginação vagava entre o passado recente de um ritual e o futuro próximo de um café da manhã, não foi pequeno o susto que levei ao ouvir uma voz que parecia querer ser ouvida por todo o universo:
“Sucateiro, sucateiro, compro sucata pra reciclagem”. A voz do sucateiro me assustou, mas o que ele queria comprar para reciclar me surpreendeu. “Quem tem ilusão pra vender? Quem precisa se desfazer de suas ilusões? Quem quer me entregar suas ilusões? Preciso de ilusões para reciclar, preciso de ilusões para transformar em sonhos! Olha o sucateiro…” – insistia o sucateiro.
Meu corpo se esqueceu de que estava exausto e deu um pulo da cama (ainda bem que ele não se esqueceu de pegar a bengala). Parece que a curiosidade é um grande despertador na vida e da vida. Sabendo que minhas pernas não tinham a rapidez necessária para alcançar o comprador de ilusões, precisei pedir a alguém que o trouxesse até minha presença. Ainda zonza de sono, não sabia se tinha alguma ilusão para vender, até porque não estava entendendo como era o funcionamento daquele comércio. Sabia apenas que precisava conhecer aquele estranho comerciante.
O sucateiro de ilusões aproximou-se de mim muito contente. Pensei que ele estava acreditando que iria fazer um excelente negócio comigo. Seu contentamento, segundo ele próprio, era simplesmente pelo fato de conhecer mais uma pessoa. Para meu espanto, fiquei sabendo que seu grande prazer era quando encontrava alguém que não tinha nenhuma ilusão para lhe vender e que o prazer era muito maior quando encontrava pessoas que já sabiam reciclar suas próprias ilusões em verdadeiros sonhos possíveis de serem concretizados, independentemente do tempo que eles precisassem para se realizarem.

Eu não sabia se alguma ilusão ainda estava viva em mim. Sonhos, eu sabia que ainda tinha muitos. Após uma longa e frutífera conversa, o sucateiro se despediu. Eu fiquei ponderando sobre a inusitada situação que acabava de vivenciar e relembrei do ritual da noite passada, cujos cânticos têm a função maior de reciclar as cabeças dos iniciados e do iniciante, que estava entregando sua cabeça ao comando de seu orixá.
*Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. Quinzenalmente, ela escreve em A TARDE, sempre às quartas-feiras

Eu não sabia se alguma ilusão ainda estava viva em mim. Sonhos, eu sabia que ainda tinha muitos. Após uma longa e frutífera conversa, o sucateiro se despediu. Eu fiquei ponderando sobre a inusitada situação que acabava de vivenciar e relembrei do ritual da noite passada, cujos cânticos têm a função maior de reciclar as cabeças dos iniciados e do iniciante, que estava entregando sua cabeça ao comando de seu orixá.
*Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. Quinzenalmente, ela escreve em A TARDE, sempre às quartas-feiras
AKOKO
A árvore do Akoko é uma das mais importantes e sagradas do culto aos Deuses Africanos.
A folha do Akoko chegou ao Brasil por meio dos africanos que aqui aportaram e perpetuaram a sua cultura. Seu nome científico é Newboldia Laevis. Embora não seja uma árvore nativa do nosso País, é comum encontrar árvores de Akoko nos Terreiros de Candomblé do Brasil, sendo que suas folhas e tronco são indispensáveis para a nossa religião.
As folhas de Akoko são tão importantes, que são utilizadas para consagrar os títulos honoríficos e religiosos que os seguidores do Candomblé recebem. Uma antiga cantiga yorùbá, versa que não há título sem Akoko. Em outra cantiga diz que a consagração do título ocorre por meio das folhas de Akoko (Akoko Ewe Oye Akoko, Ewe Oye Ni….). Outra cantiga fala da ligação da sagrada ave Agbe com a árvore de Akoko, explicando a ligação dela com os títulos.
As folhas de Akoko são utilizadas em diversos rituais, bem como, o seu tronco. Os seus galhos possuem uma forte ligação com os ancestrais, uma cantiga discorre sobre isso “Olorun Olopa….”. Nesse caso, “Olopá” faz alusão aos galhos consagrados de Akoko para os ancestrais.
Há ainda, Divindades que moram aos pés dessa árvore. Na África, por exemplo, existem assentamentos de Ògún, o Deus Guerreiro, aos pés dessa árvore.
Não podemos aqui, falar sobre todas as utilidades da Árvore, Folhas, Tronco e Galhos do Akoko, mas, à exemplo do Igi Ope (Dendezeiro) é uma árvore que no Candomblé, todas as suas partes possuem uma importante função.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
O atabaque é um instrumento musical que chegou ao Brasil através dos escravos africanos, é usado em quase todo ritual afro-brasileiro, típico do Candomblé e da Umbanda e das outras religiões afro-brasileiras e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para convocar os Orixás, Nkisis e Voduns.
Atabaque
O atabaque é feito em madeira e aros de ferro que sustentam o couro. Nos terreiros de candomblé, os três atabaques utilizados são chamados de "rum", "rumpi" e "le". O rum, o maior de todos, possui o registro grave; o do meio, rumpi, em o registro médio; o lé, o menor, possui o registro agudo. O trio de atabaques executa, ao longo do xirê, uma série de toques que devem estar de acordo com os orixás que vão sendo evocados em cada momento da festa. Para auxiliar os tambores, utiliza-se um agogô; em algumas casas tocam-se também cabaças e afoxés. (professor Luiz Antônio Simas)
Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nosblocos de afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
Os atabaques são encourados com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás, independente da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, o cilindro de madeira só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado no terreiro.
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.
tecnicamente, existem diversos tipos de toque, que é o formato da percussão dos tambores ou atabaque que varia de acordo com a nação do Candomblé. Essa percussão pode ser feita com as mãos ou com duas varetas de nome aguidavi, ou por vezes com uma mão e um aquidavi, dependendo do ritmo (toque) e do atabaque que está sendo tocado.4
"Dobrar os couros" - é um repique lento sequencial e cadenciado que é feito para homenagear visitas ilustres que estão chegando no terreiro, praticamente é o convite para a pessoa entrar. Durante a festa, quando chegam os convidados ou sacerdotes e ogans de outras casas, interrompe-se o toque que está sendo executado para os orixás e dobra-se os couros, após a entrada dos convidados o toque é retomado normalmente. Algumas casas de candomblé não usam dobrar os couros para as visitas, mas a maioria considera isso uma honra. Dobra-se os couros também em outras ocasiões, mas sempre para homenagear.
Nas casas de candomblé bantu Angola e Congo, são tocados só com as mãos, e não se faz uso dos aguidavi.
A palavra também pode ser usada como "toque de candomblé", referindo-se as festas públicas, ou "toque de orixá", com alguns exemplos:
Barravento8 : Toque de Angola e Congo
Congo de Ouro : Toque de Angola e Congo
Muzenza : Toque de Angola e Congo
Cabula : Toque de Angola e Congo
Bábalorisá Oba
No ultimo fim de semana o Ilê Asè Obá Tunde, estava é ainda esta em Festa o Herdeiro do Asè Pietro de Oxoguiãn com 6 anos de Idade tomou sua Obrigação de 3 anos, uma Grande Festa a todos do Asè, motivo de Lagrimas e Orgulho ao Sacerdote Pai Obá.
Neste Vídeo mostra, Pietro rezando Oxoguiãn em sua Simplicidade de Criança com Jeito serio de Herdeiro.
Pai Obá é um Homem Humilde, Serio e muito Polemico também conhecido por não ter Papa na Língua mas sempre com verdade tem hoje em suas Paginas no Youtube, Facebook mais de 40 mil Visualizações em seus Videos onde fala, sobre vários assuntos e trata a a Religião com Seriedade e Honestidade sempre.
Contato (11) 4773-2703 / 99958-2958
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